Todo dia 2 de agosto, a Igreja celebra o Perdão de Assis. Trata-se de uma indulgência concedida pela Igreja, por intercessão de São Francisco de Assis, a todos os que visitam a pequena igreja da Poraciúncula dedicada a Santa Maria dos Anjos ou a qualquer Igreja Franciscana, com o coração arrependido e disposto a mudar de vida.

A história remonta a um pedido muito especial de São Francisco ao próprio Senhor. Em oração, ele desejava que qualquer pessoa que ali entrasse, arrependida e com fé, pudesse receber o perdão completo de suas culpas e penas. Levada ao Papa Honório III, essa súplica foi acolhida. Anteriormente, para lucrar as indulgências, era necessário fazer uma longa peregrinação, o que era um grande desafio financeiro, tornando-a acessível apenas aos ricos. Com esse pedido, Francisco tornou a indulgência acessível a todos, incluindo os pobres.
O próprio Francisco conheceu, na própria pele, o que é ser tocado pela misericórdia divina. De um jovem rico e orgulhoso, ele se tornou irmão de todos. A experiência de acolher leprosos, de abraçar os pobres e de viver a paz, brotou do encontro com um Deus que perdoa sem medida e que se faz menor.
No seu testamento, Francisco recorda: “O Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência. Pois, como estava em pecados, parecia-me extremamente amargo ver os leprosos. E o Senhor mesmo me conduziu entre eles, e eu tive misericórdia deles. E, afastando-me deles, o que me parecia amargo se converteu para mim em doçura de alma e corpo.” (T 1). Essa transformação interior é o coração do Perdão de Assis. Mais que um rito ou tradição, é uma experiência viva de recomeço, onde cada pessoa é chamada a se levantar, deixar o peso do pecado para trás e reencontrar o abraço do Pai.
O que é uma indulgência?
A indulgência é um dom que a Igreja oferece, como expressão concreta da misericórdia de Deus. Ela não substitui o sacramento da confissão, mas o complementa. Através dela, somos libertos das penas do pecado já perdoado na confissão. Na Bula de proclamação do Ano Santo, o Papa Francisco afirma que “a indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus” (Spes non confundit, 23).
Para lucrar a indulgência do Perdão de Assis, é necessário:
- Confessar-se (pode ser sete dias antes ou depois);
Comungar no mesmo dia; - Rezar pelas intenções do Papa (um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória);
- Visitar uma igreja franciscana, com espírito de oração e conversão, entre 1º e 2 de agosto.
A indulgência é a graça de Deus que consola, levanta e anima. Especialmente neste tempo em que vivemos o Ano Santo Jubilar, onde a Igreja nos convida a sermos “Peregrinos da Esperança”, o Perdão de Assis ressoa como uma porta aberta para quem busca recomeçar.
Uma porta aberta no coração da Igreja
Celebrar o Perdão de Assis é reviver o gesto de um homem que, tocado por Deus, quis que todos tivessem acesso à misericórdia. Num mundo marcado por feridas e crises — vemos claramente com as diversas guerras e indiferenças existentes hoje — essa celebração nos lembra que sempre há espaço para o perdão, para a paz e principalmente para a esperança.
Neste dia tão especial, o Santuário Senhor do Bonfim se torna “mansão da misericórdia” e lugar de graça para tantos peregrinos que, movidos pela fé, se colocam a caminho.
A peregrinação, mais do que um deslocamento físico, é sinal de um profundo desejo interior de conversão, de recomeço e de paz. Assim como Francisco um dia peregrinou ao encontro de Deus nos pobres e leprosos, também nós, como Peregrinos da Esperança, somos chamados a fazer da nossa vida um caminho de reconciliação com Deus e com os irmãos e irmãs, espalhando a alegria de sermos amados e perdoados.

Paz e bem!
Que bom sermos alcançados pela misericórdia de Deus