
Este ano será marcante na luta contra a crise climática. Em novembro, Belém do Pará sediará a COP30, a maior conferência mundial sobre mudanças do clima, organizada pelas Nações Unidas (UNFCCC).
Criada na histórica Conferência Rio-92, a COP acontece todos os anos, desde 1995, reunindo governos, empresas, universidades e a sociedade civil para discutir como enfrentar coletivamente a crise climática. A COP30 será histórica porque marcará os 10 anos do grande compromisso global de descarbonizar a economia e tornar nossas cidades e comunidades mais resilientes e adaptadas às mudanças do clima: o Acordo de Paris. Além disso, ocorrerá em uma região estratégica – a floresta amazônica –, permitindo ao mundo conhecer de perto a realidade das cidades amazônidas, com todas as suas contradições e belezas.
Vivemos hoje um cenário de emergência climática, com impactos cada vez mais visíveis. Quem mais sofre são justamente as comunidades mais vulneráveis. Basta acompanhar qualquer veículo de mídia para perceber: “2024 foi o ano mais quente da história desde que se tem registro” (WMO, 2025). Não se trata de alarmismo ou de causar ecoansiedade, mas de reconhecer que o modelo de sociedade e desenvolvimento econômico que escolhemos – baseado no descarte, no consumo excessivo e na troca do “ser” pelo “ter” – não está em sintonia com a missão que Deus nos confiou: sermos guardiãs e guardiões da Criação (cf. Gênesis 2,15; Laudato Si’, 66).
Assim como cabe às lideranças mundiais implementar soluções para conter a crise climática, também nós, como sociedade civil, precisamos agir. O grande chamado da Presidência da COP30 neste ano foi justamente a criação de Mutirões de Ação Climática locais, para que a transformação planejada em nível global se concretize desde já em nossas comunidades, instituições, bairros e territórios.
À luz da espiritualidade franciscana, deixo aqui um convite: participe da COP30 por meio de pequenas ações locais de cuidado com a Criação. Algumas sugestões:
- Promover uma campanha de plantio de árvores em calçadas e espaços urbanos, contribuindo para reduzir a temperatura e absorver carbono;
- Organizar uma roda de conversa sobre mudança do clima, acompanhada de um momento de oração pela Terra com sua pastoral (a educação e a oração têm grande poder transformador);
- Doar cobertores térmicos em períodos frios e água em períodos de calor para pessoas em situação de rua (diante das mudanças climáticas, eventos extremos serão mais frequentes e podem causar mortes por desidratação ou problemas cardíacos); além de apoiar políticas públicas que protejam esse grupo;
- Cobrar dos governantes políticas públicas que promovam cidades de baixo carbono, resilientes e adaptadas à mudança do clima.
E muitas outras ações coletivas podem ser criadas: basta deixar a criatividade e a fé fluírem.
É nesse espírito de mutirão que depositamos nossa esperança: ainda é possível construir um presente e um futuro saudáveis.
Paloma Capistrano Pinheiro
Franciscana, Animadora Laudato Si’, Engenheira Ambiental e Urbana, Mestranda em Ciências Ambientais e Mudança do Clima no PROCAM/IEE/USP, Coordenadora de Clima no Pacto Global da ONU – Rede Brasil, membro do Grupo de Trabalho de Cidades Sustentáveis da Sustainable Business COP30 (SB COP).
